segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

como da dor nasce algo genial…

Bon Iver e The Antlers são, para mim, dois bons exemplos de algo sublime.
Após o fim de um relacionamento, do término da banda e de um ataque com mononucleose, Bon Iver, pseudónimo de Justin Vernon, decide refugiar-se durante três meses numa cabana em Wisconsin, com uma guitarra, uma arma e um machado. O objectivo era apenas procurar espaço…
Durante três meses, afastado de tudo e de todos, enquanto comia veado e bebia cerveja, sarando feridas, Justin Vernon desenvolveu o seu primeiro disco e um dos melhores que tenho ouvido nos últimos tempos: “For Emma, Forever Ago”.


Por outro lado, The Antlers começaram por ser a aventura a solo de Peter Silberman, mas é "Hospice" que marca a estreia do projecto enquanto banda. Este nasce de uma forma especial… O vocalista e guitarrista isolou-se em Brooklyn durante dois anos para compor o álbum. Desse período de reclusão, auto-imposto por não saber lidar com uma fase da sua vida, nasceu um disco que conta a história de um homem que acompanha a morte por doença da mulher amada.
"Hospice" lida com traumas de infância, vários recalcamentos e um medo à flor da pele, tudo agregado numa escrita irónica e ao mesmo tempo sofredora. Canções como 'Atrophy' e 'Wake' lembram a obsessão pela morte, enquanto 'Sylvia' fala de uma relação complexa. Quanto à música, segundo os entendidos, tem como referências uma sumida folk minimal e um jogo de guitarras nubladas.
Quer “For Emma, Forever Ago”, quer "Hospice" são das melhores obras que alguma vez ouvi e ambas nasceram de mágoas muito particulares. Justin Vernon e Peter Silberman (juntamente com Michael Lerner e Darby Cicci) fizeram de sofrimentos distintos algo extraordinário e que, certamente, acabou por “abafar” a dor que sentiram outrora.
Ser capaz de fazer uma genialidade destas não é para qualquer um…


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