quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

vaga, no azul amplo solta




nem sei bem porquê mas recordo Fernando Pessoa


vaga, no azul amplo solta,
vai uma nuvem errando.
o meu passado não volta.
não é o que estou chorando.
o que choro é diferente.
entra mais na alma da alma.
mas como, no céu sem gente,
a nuvem flutua calma.

e isto lembra uma tristeza
e a lembrança é que entristece,
dou à saudade a riqueza
de emoção que a hora tece.

mas, em verdade, o que chora
na minha amarga ansiedade
mais alto que a nuvem mora,
está para além da saudade.

não sei o que é nem consinto
à alma que o saiba bem.
visto da dor com que minto
dor que a minha alma tem.


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