A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal ...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias ...
A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve ... ninguém vê ... ninguém ...
Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal ...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias ...
A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve ... ninguém vê ... ninguém ...
Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"
Querida Rafaela,
ResponderEliminarGosto muito de Florbela Espanca. O ter escolhido estes versos é porque lhe dizem muito. Acho que estamos as duas a viver um momento muito difícil do luto: aproxima-se um ano e a minha querida sente uma dor profunda: as saudades do que viveu com o Afonso e a dor de ter sido a última a vê-lo e nas condições que foram.
Se assim fôr levante essa moral pois tem o mundo à sua frente. Não está para partir para o Brasil? Vai ver que só lhe fará bem!
Um grande beijo
Ana,
ResponderEliminarA dor vai e vem sem aviso e ultimamente insiste em ficar comigo muito tempo. Não consigo encontrar explicação nem motivo concreto, mas talvez tenha razão, a data aproxima-se...
Sim, vou mudar-me para o Brasil na esperança de sair deste buraco onde me encontro sem forças para sair. Também acho que me vai fazer bem.
Um grande beijo*